Começaria desde já por vos aconselhar vivamente a ir ver "A cidade dos que partem", mas ela já partiu e espero que tenha retorno.

Um musical que não é musical, uma cómica representação que transporta consigo toda uma realidade amarga. "A cidade dos que partem" fala de uma cidade " envolta num nevoeiro tão espesso que favorece mais a gestão corrente do que uma visão de futuro, que por lá andam empresários do entretenimento que impingem “Máquinas da Felicidade” a presidentes da câmara que só respondem a “perguntas previamente colocadas por escrito”."

O que de início seria “um musical sobre o Porto" acaba por ser um projecto tão universal que até espanta. Toca nas feridas de qualquer sociedade.

Correram-me lágrimas de riso do início ao fim, penso que naquelas duas horas fiquei completamente dsidratada. Não dá completamente para explicar ou salientar um pormenor apenas porque cada motivo é especialmente especial. Com uma simplicidade brutal a nível estético, mas tão bem pensado, arranca-nos com diálogos de uma casca mole e fácil de trincar e que no fundo é duro e àspero.

As lágrimas finais, passaram a casca mole. Tudo aquilo me emocionou de tal forma que fiquei completamente rendida com as Palmilhas Dentadas.